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Blue 258

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Broken/Empty Hearts - Técnicas para esquecer (parte I)

17
Mai10

 

Quando estamos, vá, apaixonados, encantados, ou mesmo naquela fase de perder o chão, tudo naquele/a que é o objecto ou causador  desse efeito, nos parece perfeito, sublime. Mas não o é. Isso vos garanto. Tal como nós temos defeitos e qualidades, eles/elas também os têm. E quando a coisa acaba, não resulta, ou pura e simplesmente, nunca se chegou a dar, o que nos resta fazer? Esperar que passe. Ora, esperar é fudido. Muito. E o que tenho andado a pensar é o seguinte: torna-se necessário distanciarmo-nos da situação - tentarmos pôr o sentimento de lado e analisar as coisas objectivamente. Há então que pôr o encantamento de parte e analisar a situação a frio. A x graus negativos, de preferência. Vamos lá começar:

 

 

Quando gostamos de alguém, há todo um encantamento que toma conta de nós: verdade, ou verdade? E o que queremos a toda a hora, a cada minuto é esse alguém. Pensamos em como seríamos felizes se o/a tivéssemos: ai como seria bom... tão bom. Eu seria tão feliz... ele/a é perfeito para mim. Pois, lá está. Toca a fazer um loop e avançar essa fase. Não é avançar para a fase Alice no País das Maravilhas, imaginando que o/a temos, em que tudo é maravilhoso, uma descoberta a cada passo, a cada beijo. Não. Façam outro loop. Avancem para a fase em que a névoa do encantamento se começa a dissipar. Não, não é para aquela fase em que mesmo os seus defeitos nos fazem sorrir, nos encantam. Porra, não é isso. Vá lá, ajudem-me um bocado. Façam um esforço, pelo menos. Avancem para aquela fase em que o mar de rosas começa a trazer os espinhos para  a praia. As dificuldades, os imprevistos, as resistências que nunca pensaram encontrar. O facto de ninguém ser perfeito, e dentro dessa imperfeição a que todos estamos sujeitos, existirem aqueles pontos que consideramos toleráveis ou intoleráveis. Centrem-se nos intoleráveis. Garanto que ajuda.

 

Mais: tentem pensar no que que ele/ela tem, e que simplesmente não vos convém. E não me venham dizer que tudo é perfeito. Não acredito. Há sempre qualquer coisa. Arranjem qualquer coisinha, vá. Um esforço, sim? Seja o credo, a ideologia política, o clube de futebol, qualquer coisa serve. Qualquer coisa. Pensem, ah e tal, ele/a é portista, eu sou benfiquista... prefiro um benfiquista como eu. Por exemplo. Ou então centrem-se em coisas mais importantes, naquelas que realmente interessam.

 

Pensem em todos os encontros a que faltou. Pensem em todas as vezes que vos deixou à espera. Pensem em todas as promessas que fez e não cumpriu. Pensem em todas as vezes em que sentiram que vos falhou - todas as vezes que sentiram precisar dele/a e não o/a encontraram - esta é das melhores na minha opinião, das melhores.  Releiam aquele texto do Alvim - este aqui - que é um belo balde de água fria quando deixamos que o calorzinho bom do que foi, ou do que passou, nos volte a invadir o pensamento.

Lembrem-se que quem nos quer, quer acima de tudo estar connosco. Nos bons momentos, nos menos bons e nos maus. Em suma, em todos. Lembrem-se que não há imprevistos, não há desculpas - há um querer estar. E quando se quer, está-se. Ou faz-se por isso, pelo menos. Logo, se não está, é porque não quer. E ponto final. Metam isso na cabeça. Ok, esta foi forte... Pronto, vá, calma. O facto de tomarem consciência disto não vai afastar automaticamente o sentimento, ok? É só uma forma de nos tentarmos distanciar... desse mesmo sentimento. E esse é o propósito deste post. Portanto:

 

Apaguem tudo. Tudo.  Emails, mensagens, números de telefone - todo e qualquer contacto. É um dos passos mais importantes logo a seguir ao acima mencionado - é o passo primordial. É o verdadeiro passo na tentativa de esquecer/cortar com tudo o que ainda vos prende. Portanto, toca a apagar tudo - se tiverem coragem para isso.

 

NOTA IMPORTANTÍSSIMA: Não façam isso a não ser que o queiram mesmo fazer. Não façam isso a não ser que tenham tentado tudo o resto e mesmo assim não tenha resultado. Não façam isso se ainda estão naquela fase em que relêem o que foi escrito... e um sorriso do mais parvo que há ainda vos assoma aos lábios. Não façam isso.  Ou então apaguem, se e apenas se, têm forma de voltar a recuperar o que foi apagado.

Aconselho-vos o seguinte: dizermos a nós próprios que não temos nada que reler aquilo - que se acabou, acabou, que se não há nada ali para nós, não há nada ali para nós. E ponto. Sabemos que não podemos (devemos) reler e fazemos um esforço descomunal para tal. Quando efectivamente vamos lá e relemos (parvoíce de todo o tamanho), pronto, pensem só o desgosto que seria não ter lá nada para ler. E convenhamos: tudo são recordações. Memórias de um tempo, de um sentimento, de paixões desmesuradas. Registo de borboletas no estômago.

 

Cartas, bilhetes de concertos, de cinema, fotografias - devia dizer-vos: queimem tudo. Mas não. Opto antes por vos falar nas caixinhas. Sim, caixinhas. Lindas, de madeira, de qualquer outro material ou até uma simples caixa de sapatos: guardem tudo lá dentro. Tudo. O ideal era conseguir armazenar o sentimento também, mas isso já sabemos que não é possível - se há por aí alguém que ainda pensa que tal é possível, desengane-se o quanto antes. Façam-no. Arrumem tudo dentro de uma caixinha e guardem-na numa gaveta ou, de preferência, no sótão - o acesso é mais difícil e torna-vos a vida mais complicada de cada vez que vos apetecer pegar na caixinha, abri-la, e... pronto... aquela coisa que é aquele recordar babado. Aquele segurar nas mãos dos momentos, das alegrias, dos sorrisos, dos vôos agitados das borboletas. O que não convém. Nada, mesmo nada. Pelo menos quando se trata de tentar esquecer.