What's love all about?
Ao longo dos séculos, a tentativa vã de procurar definir o amor, traduziu-se nas mais belas obras; inspirou poetas, músicos e pintores. Inspiração, encantamento, exultação - o amor é tudo isso e muito mais.
Dou por mim a pensar, que o amor não se deve procurar definir. Deve sentir-se. De todas as formas. Na verdadeira acepção da palavra. Não se deve procurar entender, ou sequer perceber. Deve sentir-se. Deixar que nos empole o coração, nos faça ferver o sangue, nos arrebate os pensamentos. Porque a verdade é uma e só uma, quando o amor polvilha a nossa vida, seja de que forma for, tudo nos parece sorrir. A vida parece sorrir. Há aquele brilho no ar, aquele encantamento, aquela energia que parece destilar de todos os poros. Enfrentamos o dia, a noite, o trabalho, as viagens, o trânsito, as filas, a ida às compras, com outra disposição. Até aqui, concordam comigo?
Amor. Talvez não devesse usar tão libertinamente este vocábulo. Amor e/ou paixão - continuo sem procurar diferenciar os dois, pois para mim, são o mesmo. Um faz parte do outro. Quando me refiro à paixão, refiro-me à paixão carregada de sentimento, aquele sentimento que é efusivo, explosivo até, aquele sentimento que nos consome. Mas aliado a esse sentimento, está o outro, de querer o regaço, o colo, de querer deitar no sofá, deixar a chuva cair incessantemente lá fora, e o mundo parecer reduzir-se a dois corpos, a dois seres que se deleitam na companhia um do outro, a duas almas que dançam ao som da chuva, embalada pela música que toca cá dentro.
Seja qual for o tipo de amor a que nos encontramos presos - pode ser um amor platónico, por aquele ou aquela a quem nunca ousamos dirigir uma palavra, na viagem diária no metro, aquela tão ansiada viagem que imperceptivelmente, ou não, se tornou o ponto alto do dia. Aquele ou aquela a quem beijamos com o olhar, a quem acariciamos com os nossos pensamentos.
Pode ser um amor antigo, o primeiro, quiçá, que nos marcou de tal forma que pensamos jamais poder voltar a sentir o mesmo. Ou outro amor, que não o primeiro, e que nos tenha marcado dessa mesma forma contundente. E aí ficamos, no limbo, presos àquele sentimento.
Pode ser um amor que nos arrebatou, assim, sem contar, que nos prendeu com a doçura das palavras. Amor que começa com palavras. Amor que já existia antes mesmo dos olhos se encontrarem, dos lábios se beijarem, das peles se tocarem.
Amor. O que será isto do amor? Este sentimento que corrói e enleva.