Já aqui referi inúmeras vezes que eu estou proibida (isto é um termo muito forte mas é quase isso) de comprar livros no olx. Pelo menos nos próximos tempos. Mas há excepções à regra (valha-nos isso).
As excepções são 4 (acho eu). Deixo aqui duas:
Comboios e a minha paixão por eles. Estes quero comprar assim que encontrar a bom preço.
E o que ela queria era o silêncio mecânico dos carris a ditar-lhe o ritmo da leitura. Não queria conversar com um estranho misterioso, com um casal sexagenário simpático, nem se queria desprender em atenções fosse com quem fosse. Queria ficar ali, com o seu livro, numa solidão que fosse só dela.
Como o pensamento vagueava amiúde da leitura que segurava nas mãos, resolveu pousar o livro e deslocar-se até ao vagão-restaurante: beberia qualquer coisa e admiraria a paisagem ao som de outra música. Levantou-se, levou a solidão consigo, passou pelo bar, não pediu nada para beber e sentou-se prontamente a admirar a sucessão de verde que corria lá fora enquanto esperava pelo anoitecer e a música lhe retumbava a alma.
Love hunt me down
I can't stand to be so dead behind the eyes And feed me, spark me up A creature in my blood stream chews me up
So I can feel something So I can feel something
Give me touch 'Cause I've been missing it I'm dreaming of Strangers Kissing me in the night Just so I Just so I Can feel something
You steal me away With your eyes and with your mouth And just take me back to a room in your house And stare at me with the lights off
To feel something In the night When we touch In the night
E hoje apetecia-me falar com um desconhecido misterioso num comboio a caminho de parte nenhuma. Olhar pela janela e afundar o olhar no verde pálido das árvores resilientes fustigadas pelo vento do norte. Ouvir o som do comboio nos carris. Sentir o tum-tum-tum. Sorrir sem cerimónia por me ter esquecido do desconhecido misterioso que se sentava do outro lado e com quem deixei de falar aparentemente abruptamente. Ou talvez não. Receber o mesmo sorriso de volta. E deixar a coisa por ali.
Her dirty paws and furry coat, She ran down the forest slope. The forest of talking trees, They used to sing about the birds and the bees. The bees had declared a war, The sky wasn't big enough for them all. The birds, they got help from below, From dirty paws and the creatures of snow.
Caminhar ao longo do corredor, seguindo em direcção ao bar, imaginando-me no Expresso do Oriente. Sentar-me no bar e pedir um Martini. Shaken, not stirred. Só para me sentir uma diva. E com olhar matador medir os pobres de espírito que falam sem me conseguir fazer ouvir. Olhares mortiços que pedem o que eu não tenho para dar. Enquanto mordiscava a azeitona, a carruagem ficou subitamente vazia. Restam as árvores, agora cobertas de neve, do outro lado do vidro.
The lights go out, I am all alone All the trees outside are buried in the snow I spend my night dancing with my own shadow And it holds me and it never lets me go
I move slow and steady But I feel like a waterfall Yeah, I move slow and steady Past the ones that I used to know
My dear old friend, take me for a spin Two wolves in the dark, running in the wind I'm letting go, but I've never felt better Passing by all the monsters in my head
And I'm never ready 'Cause I know, I know, I know That time won't let me Show what I want to show
Pena nunca ter saído da estação. Mas as árvores continuam pintadas de branco. À espera. Esperam por mim e por ti, desconhecido misterioso.
Taking over this town they should worry, But these problems aside I think I taught you well. That we won't run, and we won't run, and we won't run. That we won't run, and we won't run, and we won't run.
And in the winter night sky ships are sailing, Looking down on these bright blue city lights. And they won't wait, and they won't wait, and they won't wait. We're here to stay, we're here to stay, we're here to stay.
Howling ghosts – they reappear In mountains that are stacked with fear But you're a king and I'm a lionheart. A lionheart.