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Blue 258

Blue 258

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Feliz Ano Novo!

31
Dez10

 

 

«It took me nearly a year to get here. It wasn't so hard to cross that street after all, it all depends on who's waiting for you on the other side.»

Elizabeth, in My Blueberry Nights

 

 

 

 

Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stop me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned you to dust

 

 

Fazendo agora uma retrospectiva do ano que passou, uma retrospectiva daquelas tão típicas de fim de ano, daquelas que parecem impor-se sorrateiramente, sorrio. Sorrio. O caminho que percorri. O que eu mudei, o que eu optei por mudar, o que eu consegui até agora, e tudo aquilo  que me proponho ainda alcançar. Se custa? Custa, e muito. Se se desanima? Também. Mas vale a pena. Isso, sem dúvida nenhuma.

E vale a pena mesmo sem termos quem nos espere do outro lado. Vale a pena a coragem, a força, a determinação para cruzar outros caminhos. Para voar. E mesmo sem termos quem nos espere, há sempre quem espere por nós, mesmo sem saber que nos espera. E nós, nós, mesmo sem saber, esperamos por eles também. E pode ser que nos encontremos, mais cedo ou mais tarde, numa dessas encruzilhadas que a vida nos apresenta.

 

Esperamos uma vida por alguém que faça a diferença. Que acrescente. Que nos acrescente. Que nos faça ver a força que temos dentro de nós. Que nos leve a voar de novo. E isso, isso, não tem preço. E quanto a ti, a ti, só posso dizer que um ano passou e continuo a ter-te na minha vida. E como foste, és, importante.

 

A todos os que me acompanham desde o ano passado: um bem-haja. Ergo o copo a vós, e brindo: foi bom ter-vos encontrado.  É bom ver-vos, ter-vos ainda na minha vida. Saber-vos à distancia de uma mensagem, de um email, de um telefonema, de um abraço.* Aos que se acabaram de juntar: um brinde a essa força maior que nos colocou na vida uns dos outros. Este ano, deixo-vos poucas palavras, mas compenso com algo ainda melhor: um abraço. Daqueles, que dizem tanto.

 

 

 

P.S. E será esta música a última do ano no blogue. E parece-me perfeita. Perfeita. Sinto que não poderia ser outra. Porque é isto que devemos desejar todos os dias. Porque é esta a força que nos deve fazer respirar todos os dias. Porque é o que eu espero de mim. Porque é o que eu que eu quero de vós.  O melhor que temos em nós. Feliz Ano Novo a todos.

 

 

* Palavras semi-roubadas.

Sábado

07
Nov10

Duas vidas. Anos. Momentos. Horas. Minutos. Segundos.

 

Uma esplanada na Praça da Liberdade - a coincidência ou a ironia do destino a operar em toda a sua força. Whisky servido em copos de balão. O M e eu. Recordo as lágrimas, minhas, as palavras, dele, e estas três músicas entre as quais eu sentia um nó na garganta. Sentia a dor de um nó que se desfazia. Que se desfez.

 

Whataya want from me, Adam Lambert, Encosta-te a mim, Jorge Palma, e Love the way you lie, Eminem e Rihanna.  Tocaram numa estação qualquer. Formaram a banda sonora daquele momento.  Naquele lugar. Praça da Liberdade, no fundo da Avenida.

 

 

 

 

Vens ou ficas, esta cidade é só nossa e a noite pede-nos um corpo para continuar a viver. Se vieres, vou esperar-te á estação. Trarás contigo a razão... Quem te ouve e quem te vê.

O encontro será apenas um momento no interior do pensamento onde tudo se resolve. Os segredos são o centro de um incêndio que arde com o silêncio como outra noite qualquer.

Se me ouves, se recusas as palavras, transformamo-nos em nada, quase deixamos de ser. E as horas que se despedem devagar, que se afastam de ficar, que se aproximam de morrer. O que fomos passa por nós na avenida, é um pedaço da nossa vida, que ainda quer sobreviver.

 

 

Dos roubos

10
Out10

 

Quando encontramos algo (palavras, fotografias, sentimentos ou momentos), que vai dentro da linha do que andamos a escrever, a pensar ou até a sentir (ou porque simplesmente nos diz tanto), roubamos.

Harold Ross

 

 

 

Não havia luz que te tornasse melhor

 

«Não havia luz que te tornasse melhor. Apagaram-se porque sopraste da frente os pedaços que te ligavam ao mundo. E correste. Correste pela encosta e não deixaste que te apanhasse. Ao invés, troçavas do cansaço dos dias e das horas em que sinto falta de ti.

O que te faz desligar e reinventar todas as vezes que deixamos a nossa casa e nos aventuramos nas vidas dos outros? Queres conquistas? Fazemo-las todos os dias, cada um com mais sorte que o outro. E crescem os dias. Levam-nos com eles as milagrosas manhãs de neblina em que abraçados vencemos o frio e acabámos deitados.

No cimo da encosta que subimos, cada um com sua vontade, escrevemos palavras de amor numa correria desenfreada.

Pelo caminho deixámos a vida que os outros querem para nós e que nos sugerem todos os dias. Mal sabíamos, que um dia, seria a nossa a que chegaria primeiro.»

 

 

Liliano Pucarinho, no night indigo