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Blue 258

Blue 258

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Serviço público II

12
Out10

 

Meus caros XY,

 

O meu caríssimo amigo César, chegou à brilhante conclusão de que as mulheres se vestem de forma sedutora - decotes, mini-saias, etc. - com o único intuito de provocar os homens. Ora, meu caro César, e meus caros amigos, isso não é de todo verdade. E que a minha palavra valha alguma coisa!!! Digo e repito, maioritariamente, as mulheres querem sentir-se bem, sentir-se sedutoras, quiça poderosas. Porque, meus caros, é dificil ser mulher. Acreditem, é. Também é muito bom, mas que é dificil, é. Temos de vingar num mundo que ainda é dos homens, temos de subir a pulso, correr o risco de, depois de tanto trabalho árduo, dizerem que subimos na horizontal. Se há quem o faça? Há. Mas não vamos agora por uma, julgar todas as outras. E esse é um grande defeito dos homens, por uma, avaliarem todas as outras. Por uma má experiência, ou várias, rotularem todas as outras da mesmíssima forma.

 

Portanto, acreditem quando vos digo que regra geral, as mulheres se vestem de acordo com o seu gosto, com aquilo que as faz sentir bem. Muitas, mas muitas mesmo, revelam um bom gosto tremendo. Outras, pronto, vestem-se de acordo com a personalidade e gosto. Cada uma é como é. Veste-se como gosta. Ou de acordo com a realidade que é a vida dela. Ou como pode ser a sua vida. Voltando ao bom gosto tremendo, porque existe e passeia-se nas nossas ruas, as mulheres gostam e procuram evidenciar os seus atributos. Tal como os homens. Por isso os vemos no ginásio, a comprar roupinhas da moda, a usar cremezinhos e gel no cabelo. Porque, meus amigos, o mundo é uma selva. E, para sobreviver, a lei básica da sobrevivência, lá está, cada um usa as armas que tem. Posto isto, da próxima vez que os vossos olhinhos depararem com uma mulher sedutora, pensem duas vezes antes de abrir a boca para falar e dizer algo do género: é só para provocar.

 

E agora, vamos lá ser sinceros: que há mulheres que só querem provocar, há. Realmente, há. Mas em verdade vos digo que nem com todas as que só querem provocar os homens lhes saltam pra cueca. Porque a verdade verdadinha é que dentro da categoria das que só querem provocar, há aquelas que só se ficam pela provocação. Porque lhes dá um sentimento qualquer de superioridade, ou muito simplesmente, prazer. E cada uma delas tem todo o direito a isso.

 

 

E, seguindo a linha de pensamento do Sr. César, uma gaja que não quisesse provocar, vestir-se-ia de que forma? Enfiava um saco de batatas? Usava um hábito de freira? Vestia roupa masculina? Convenhamos, meus amigos, que há mulheres, oh se as há, que mesmo com um saco de batatas, continuavam a ser lindas de morrer e sedutoras como o raio. Porque há mulheres assim. Que as há, há. Não são é pro bico de qualquer um.

 

 

 

 

XX

12
Out10

E depois, ainda por cima (on top of everything) metemos aquela ideia na cabeça: não, eu não vou dizer nada, ele(s) que diga(m) primeiro. Também quero ver se não diz(em) nada. We'll see if I matter or not. Mas a vontade que temos é tão irrequieta que não resistimos. E acabamos por quebrar o silêncio que a tanto custo e por um motivo parvo ou mais do que parvo estávamos a tentar manter.

 

 

P.S. Pá, eu disse que vos explicava como interpretar as coisas, não o porquê de as coisas serem como são. Mulheres são mulheres. E homens são homens. E apesar de diferentes, ambos sabemos partir na perfeição a cabeça ao outro. Lá está, é uma coisa inata às espécies. Darwin, podias ter-nos dado uma mãozinha. Oh se podias.

 

Ainda... XY

12
Out10

Raio dos homens, pá. Conseguem tirar-nos o pio. Porra. Eu, aqui, a querer dizer bom dia, a um, e parece que não sei como. Desculpa a parvoíce, sei lá, mulheres, já tinhas reparado que somos uma coisa louca. Ao que ele provavelmente me responderia: gajas, pá, que coisa mais complicada, gajas. E eu recordar-lhe-ia que as complicadas é que dão o gosto à coisa. E ele, teimoso que só ele, dir-me-ia que não precisávamos ser assim tão complicadas.

Quero enviar uma mensagem a outro, e estou ali às voltas. Sabes, o meu mundo não tem o mesmo gosto sem ti. E nem sabes como sinto, tenho saudades tuas. Sabes disso? Escrevo e apago sem sequer terminar uma frase. E podem acreditar, vou sair sem dizer palavra a qualquer um dos dois. E esta parvoíce não me vai sair da cabeça o tempo todo. Raios. Ou nos ocupam as ideias com o queremos ou com o que lá no fundo queremos, mas demonstramos não querer. Raios.

 

Serviço público

12
Out10

 

 

Meus caros XY,

 

Eu sei que isto de lidar com XX, não é fácil. Nada fácil. Eu sei, assumo, e corroboro tal afirmação perante seja quem for. Apresento provas, maquetes, esboços em 3D. Embora não adiante. Acreditem, não adianta.

Dizem que as mulheres são complicadas, dizem. E até têm razão. Ou porque agem de determinada forma quando o que sentem, desejam e querem é precisamente o oposto do que demonstram. Ou porque dizem uma coisa, quando o que querem é dizer outra totalmente diferente. Os homens não percebem as mulheres. E as mulheres, bem, as mulheres, se formos bem a ver a coisa, também não se percebem a si próprias. Intrinsecamente complicadas. É o que nós somos. Mas há volta a dar, isso vos garanto eu. Pensem nisto como uma língua estrangeira - munam-se portanto de um bom dicionário, façam anotações ao longo do caminho porque ainda por cima, há variações no dialecto de mulher para mulher. Anotem na margem da página, cada traço, cada gesto, cada entoação de voz, cada silêncio.

 

Se uma mulher vos manda foder uma vez, aconselho-vos então a darem-lhe dez minutos até deixar de ferver. Não falem, não façam o mínimo barulho, desapareçam-lhe do campo de visão. E mesmo assim, mantenham o silêncio. Fomos abençoadas com um raio de um sonar que vos detectava um qualquer trejeito facial, mesmo que na China. O que pretende uma mulher num caso destes? O que quer ela dizer? Simples: dá-me dez minutos para acalmar, perceber a parvoíce pela qual me aborreci e concluir o assunto com um sorriso nos lábios e um abraço.

Se uma mulher vos mandar foder duas vezes - no mesmo dia, na mesma hora, e com um espaçamento provavelmente inferior a dez minutos - bem, falem, insistam, invadam-lhe o campo de visão, e se possível, toquem-lhe. De forma suave, nada controladora ou admoestadora. Toquem-lhe. Como quem faz uma carícia. O que queremos nós então neste caso específico? O vosso carinho. A vossa atenção. E neste caso, a falta de qualquer exemplo dos acima mencionados, apenas irá fazer com que a temperatura volte a subir de novo. E aumentar a pressão.

 

Porque quando vos mandamos foder uma vez, estamos provavelmente a entrar em ebulição por um motivo - provavelmente parvo - qualquer. Nesse momento, queremos ou precisamos (nunca sei se chegamos a saber se queremos ou não) de, das duas uma:

a)  libertar alguma pressão - se estamos a ferver e já não há forma de reverter o processo - e, nesse caso, qualquer palavra ou gesto vosso fará com que provavelmente parte dessa pressão vá dirigida na vossa direcção - o que é algo a evitar a todo o custo.

b) acalmar e analisar a cena - se o processo ainda está numa fase que permite o retrocesso. Imaginem agora uma enorme fornalha e a temperatura, contra todas as expectativas a decrescer - esse momento, esse mesmo, é aquele em que os meus caros XY não falaram, não fizeram o mínimo barulho e desapareceram do campo de visão.

 

Quando vos mandamos foder duas vezes, estamos numa fase delicada da ebulição: um simples gesto, um carinho, uma palavra bastam para desligar o temporizador daquele bomba tão sensível associada aos cromossomas XX. Porque nós somos muito emotivas -  sentimos e pensamos com o coração - e depois, agimos a quente. Se vos falhar a tradução neste caso, o mais provável é que ao primeiro motivo parvo que nos deixou a ferver, se junte um segundo: o da atitude parva. E aí, aí, é que somos nós a não falar, a não fazer o mínimo barulho, a desaparecer-vos do campo de visão. Quando o que queremos é esquecer todos esses motivos parvos e rir convosco do quão parvas fomos.

 

 

 

 

Atenção: é óbvio que todo e qualquer XY é culpado daquele motivo parvo inicial que nos deixou a ferver. O vosso problema é que não vos apercebeis sequer disso. O nosso problema, é que damos importância a tudo. Mesmo a coisas parvas. Pá, porque somos efectivamente emotivas ou qualquer coisa do género. Isto deve ter uma explicação científica plausível. Deve.